sábado, 29 de abril de 2017

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debaixo_de_água

Cintilam no meu rosto lamparinas de sol 
Procuro a finura da luz que cintila 
Aspergem raios vazios de cor e olho o sol
Guardo em liaça os traços do meu rosto 
Subtil e de tanto quase nada em resto
Manifesto o aroma dessa finura maciez 
Pequeno de mim em tamanho sol
Talvez um dia aos oitenta eu habite a estrela
Cintilam no meu rosto os dedos gosto
Sussurro borboletas em lábios febris
Quanto quis a quentura da luz esquiva
Cintilam pedaços ouro violeta aromas 
Quanta água inunda o olhar pouquinho
Sal de sabor a ninho reboliço
O sol espreita no caniço em correr
Ventar em linhas de escrita 
Que me fazes assim a mim eu quero 
Canteiros de bordadeira mantinha de fogueira
Calor em rasgos rastos sinais viagem
Rio ria riso 
Cintilam as palavras que faltam
Quero pouco pouquinho 
Sufoco na espessura de não ter 
Golpeio a voz das nuvens que
Em desassossego salpicam notas de água
Trauteiam a pele com bicadas de afonia 
Silêncios em cama esguia 
Se fosse dia história matreira 
Papel de seda figueira 
O sol fala em luz e quente 
Estalidos gemidos abre em figo
Mosto de olhar contigo doce
Pétala de ouro fosse ouro fosse
Rio ria riso margem 
O timbre do vento que sopra e traz
O aroma em vertigem arde ardente
Respiro em apneia silêncios
Volteio rodopio em sono insonar
Salpico os desenhos com amar
Cintilam no meu corpo vozes duas
Nuas e chove hoje chove será cinzenta
As nuvens são as roupas são os olhares são
As personagens emudecidas escondidas 
Em ruas de água guarda lágrimas 
Triste o dia fugia se houvesse razão
Picam as gotas o silêncio da luz que cintila
Planam aves em cordas de arpa 
O som das linhas de água fria  entristece 
O corpo embala em voo de nada sem cor
Vertigem danada escurece a escrita
A pele aconchega a ventania que me insona 
Inteiro quanto quis tempo sabor 

Talvez um dia aos oitenta e tudo 
A luz brilha no espaço do olhar esgueira 
Linda em sorrir na paisagem de água quieta
Esboço o desenho das margens longe
Trauteio palavras que me encharcam
Fogueira tanto em azuis anzóis perdidos 
Calçada eu descalço na corrente caminhas
Brisa de sopro ausente abano 
Dormente sonho sonhar versos tidos 
A água vai devagar no sal da pele 
Trilho de temor giestas perfumadas 
Barquinhos na rota dos desenhos lidos
Traços 
Debaixo de água 



eugeniohenrique 30/05/2017




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