segunda-feira, 27 de março de 2017

traço_destraçado | 026

sois-de-cartão

não sobram ais de prato vazio também eu de camisa leve estreito a fome
a minha diferente sobram ais do prato cheio de tudo o que penso pensando
no vazio de quem nada tem as vezes eu os sonhos em esparsa seira sexta feira
escassos dias de dia o frio risca o olhar o chão de pão que mente
entre sois de cartão e palavras ocas farrapos doutos bocejam em vidraças
carraças na penumbra salto para mim em leito de nada não sou senão um
cenário em rebuliço chove no espaço que me separa dos ossos mordaça
desenhas o teu nome no bocejo vejo desgraça está frio e cinza às manchas por graça
golpes de luz entre linhas de medo a plateia desagarra as palavras do ator
sacos outros sacos esvoaçam vazios de lágrimas secas galhos pirralhos
negras menos as nuvens dançam no vento baralhos invento o som da minha voz
mingas na tua manta embalagem de calor embalo na dor caminho ausente de ser
achinelado de pele ferida corpo de pedra mão estendida na cor do ar que se ajeita
feroz o ator ri do nada ri gargalheia o silêncio que o entope o chão adormece
ai de mim também que em sono de vespa vagueio dorme na noite que não veio dorme


eugeniohenrique  27/03/2017

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