sexta-feira, 13 de outubro de 2017

traço_destraçado | 028

t-e-n-h-o-f-r-i-o em hauchwtiz

em repouso no jardim de sol escondido num chapéu de folhas verdes que venteiam devagar o chão em pequenos cubos toscos suporte de silhuetas trémulas dança de folhas secas pássaros que espreitam nas linhas de luz inquietos com o borbulhar dos putos que chilreiam em correria 

traquejo memórias imagens odores horrores espécie género empedrado farpado estilhaçado de ódio amores flores de vespas tambores em festim dançam anjos no estrume cavado encolho-me no silêncio desgraçado viseira  mosquiteiro formigueiro pele de guerreiro torpor de mim os poetas tombaram no canteiro de cinza que arde no olhar da espécie viver em selva armada aramenha de putos olhos de picasso riscas de matisse azuis de céus folgados susto de amor por cumprir férreos argolados engaiolados putas as bestas memórias carril de silêncio heróico aperto de mãe sem seios para dar desejo de não ter que ser mãe gemido surdo erva seca mortalha desfraldada risos de pulgas estopa arranco o nada terra farpada desenhos esmagados pisados trote de espécie metal engomado perfilado medalhado troféu metralhado reconstruo olhares que pegam em nada no ar que abafa sopra o odor da dor bairros de horror 

em risos de ser em risos de jardim a cor perde-se na sombra lá ao fundo chegados saltitam pássaros putos trauteiam sonatas de pasmar em silêncios que o vento venteia correm à boleia do jardim do meu repouso aguardo sem sonhar suspenso virado ao ar o galho dança devagar se não fosse jardim não seria

carril perdido na distância o timbre férreo estilete que desenha na pele escrita que me golpeia o ser de ser a noite vazia sem dia desmontados de querer concentrões vagueiam na fumaça putre retalhos de gente atropelo de abraços que amarram rocha em espuma que vai gelatinosos abutres esvoaçam o grito das garras a rocha em espuma cai o mar afunda em vilosidades intestinas velas desfraldadas em tufão alado gesticulam no silêncio das pedras trincadas por matraquilhos brilhos de ódio jazem as palavras papel de areia brincam nas marcas do festim os putos salpicam na lama desenhos de ser pouco tempo de nada nem folhas nem pássaros nem mãe entulham o olhar de vazio está sol em hauchwitz tenho frio


eugeniohenrique 13/10/2017

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

escritapontafina | 003

auschwitz | birknau silêncios medos
































quarta-feira, 23 de agosto de 2017

escritapontafina | 002

symphony no.9 in d minor - nor | ludwig van beethoven

agosto 2017






























sábado, 29 de abril de 2017

8_0 | 014

debaixo_de_água

Cintilam no meu rosto lamparinas de sol 
Procuro a finura da luz que cintila 
Aspergem raios vazios de cor e olho o sol
Guardo em liaça os traços do meu rosto 
Subtil e de tanto quase nada em resto
Manifesto o aroma dessa finura maciez 
Pequeno de mim em tamanho sol
Talvez um dia aos oitenta eu habite a estrela
Cintilam no meu rosto os dedos gosto
Sussurro borboletas em lábios febris
Quanto quis a quentura da luz esquiva
Cintilam pedaços ouro violeta aromas 
Quanta água inunda o olhar pouquinho
Sal de sabor a ninho reboliço
O sol espreita no caniço em correr
Ventar em linhas de escrita 
Que me fazes assim a mim eu quero 
Canteiros de bordadeira mantinha de fogueira
Calor em rasgos rastos sinais viagem
Rio ria riso 
Cintilam as palavras que faltam
Quero pouco pouquinho 
Sufoco na espessura de não ter 
Golpeio a voz das nuvens que
Em desassossego salpicam notas de água
Trauteiam a pele com bicadas de afonia 
Silêncios em cama esguia 
Se fosse dia história matreira 
Papel de seda figueira 
O sol fala em luz e quente 
Estalidos gemidos abre em figo
Mosto de olhar contigo doce
Pétala de ouro fosse ouro fosse
Rio ria riso margem 
O timbre do vento que sopra e traz
O aroma em vertigem arde ardente
Respiro em apneia silêncios
Volteio rodopio em sono insonar
Salpico os desenhos com amar
Cintilam no meu corpo vozes duas
Nuas e chove hoje chove será cinzenta
As nuvens são as roupas são os olhares são
As personagens emudecidas escondidas 
Em ruas de água guarda lágrimas 
Triste o dia fugia se houvesse razão
Picam as gotas o silêncio da luz que cintila
Planam aves em cordas de arpa 
O som das linhas de água fria  entristece 
O corpo embala em voo de nada sem cor
Vertigem danada escurece a escrita
A pele aconchega a ventania que me insona 
Inteiro quanto quis tempo sabor 

Talvez um dia aos oitenta e tudo 
A luz brilha no espaço do olhar esgueira 
Linda em sorrir na paisagem de água quieta
Esboço o desenho das margens longe
Trauteio palavras que me encharcam
Fogueira tanto em azuis anzóis perdidos 
Calçada eu descalço na corrente caminhas
Brisa de sopro ausente abano 
Dormente sonho sonhar versos tidos 
A água vai devagar no sal da pele 
Trilho de temor giestas perfumadas 
Barquinhos na rota dos desenhos lidos
Traços 
Debaixo de água 



eugeniohenrique 30/05/2017




quinta-feira, 27 de abril de 2017

TEXTICESEMDOBRAS

texticesemdobras

aspalavrascrescemnonopoçodemimtodootempoaoladodetipercootinoesufocoemtimbreroxonaoseesquecamdamusicanomeudiapalmasnomeudiarisosnomeudiafloresdetodasascoresnomeudiamusicamuitaatepodessertuatocarnomeurostoqueenvelhecedevagaraosoitentasereirisoaspalavrastomammenodesenhododesassossegosomdefumaçaempolpadeescritaestaslongetantodemimcomodetinaoessenaoeuempapeldefinuraimensaimpressãodemanchaemnegrofumonoitelutonegropessoaqueleioemretalhosmansosalmadaeuassinoparabaixotrauteioosdsenhosdolapacorpetedesapertadodesalinhoprovocatoriocartilhadedeusasquemastigoemsaborbaçobeijosquenuncadeiaosoldaluzfogesdemimassimtaodoceoteuolharedistantedodesejoesqueçamosotempoquerecuaemavançohouvesseumpostigotudoomaisseriaépesadoodiamelodiatorpeasárvoresdesenhamnoventoaexcitaçãofebrildaprimaveraemtroterebentamemaisprofundosvalsasdepétalasqueseenfeitamdeprazerabreemlilásosuorquemeafoganodiárioemtormentaaspalavrasesgotamnosilenciotamborilamasaslinhasquealimentamomeucalordesatoosolquemegolpeiafininhomansinhodojdevagarinhodebaixodochapeubalançaemdançaocorpeteqeuectedesenhasilhuetadesedaadormeçonomeusonopulguentoboanoiteeestareiporaqui


eugeniohenrique  12/04/2017

quinta-feira, 20 de abril de 2017

traço_destraçado | 027

condenados concentrados

tenho pena de ser gente | sendo sou da espécie | dos que querem  ter a pena | a minha resulta na escrita que com ela vou fazendo | não sendo pena de penas em tinta de tinteiro | escrevo com os dedos em pontas | vale a pena pensar nos tempos da outra pena de penas | tempos penosos esses | os escribas prostrados em pau duro desenhavam as sentenças | penas | para os prostrados na estirpe | farrapos na espécie | enrolados na escuridão da lua ousaram ser fora de casta | filas de enxutos astutos | penam | engodam | marralham | a força | epifania | em grito de selva | atam rédeas | acoiçam nas margens do rio que caminha penosamente | sou da espécie |pena em ser | esguelho o espaço e deus não está não habita é nuvem de penas  | estilhaços que esbracejam em sufoco | são rançosos os projéteis bociferados do palanque que se eleva em pequenez | voltar a ter a pena | e os títeres concentrados | latas de vazio | mãe de todas as latas |até as mães são outra coisa que não mães de parir o amamentado de toda a vida | o escriba reinventou a mãe | que cuida de exterminar todas as mães | que não choram | nao apertam os filhotes aos seios | perfuram os olhares em silêncio de morte | pena | e é mãe | mãe | bomba de todas as bombas | escreve em manto de negrume | nuvem suja veste a luz ausente | gritaria da espécie | murcham os dedos salpicados de medos | pintarolas | engomados | enganados | concentrados | muros armadilhados | pena | o fulano | da espécie | quer a pena de penas | de ave | para desenhar a pena da morte | deus não habita aqui | tenho pena para escrita só 

eugeniohenrique 20/04/2017


segunda-feira, 27 de março de 2017

traço_destraçado | 026

sois-de-cartão

não sobram ais de prato vazio também eu de camisa leve estreito a fome
a minha diferente sobram ais do prato cheio de tudo o que penso pensando
no vazio de quem nada tem as vezes eu os sonhos em esparsa seira sexta feira
escassos dias de dia o frio risca o olhar o chão de pão que mente
entre sois de cartão e palavras ocas farrapos doutos bocejam em vidraças
carraças na penumbra salto para mim em leito de nada não sou senão um
cenário em rebuliço chove no espaço que me separa dos ossos mordaça
desenhas o teu nome no bocejo vejo desgraça está frio e cinza às manchas por graça
golpes de luz entre linhas de medo a plateia desagarra as palavras do ator
sacos outros sacos esvoaçam vazios de lágrimas secas galhos pirralhos
negras menos as nuvens dançam no vento baralhos invento o som da minha voz
mingas na tua manta embalagem de calor embalo na dor caminho ausente de ser
achinelado de pele ferida corpo de pedra mão estendida na cor do ar que se ajeita
feroz o ator ri do nada ri gargalheia o silêncio que o entope o chão adormece
ai de mim também que em sono de vespa vagueio dorme na noite que não veio dorme


eugeniohenrique  27/03/2017

segunda-feira, 13 de março de 2017

8_0 | 13

a culpa do sol 

as paredes são écrans de luz baloiçam trapos aves 
árvores espantam flores sorrisos de gente menos fria
roupa de enguia dentro do sol azul o manto aconchega
pulam fedelhos para lá da fumaça que me atrapalha
teimosa no desenho volteia os putos chilreiam com asas
liberdade  talvez pomba talvez outra coisa baloiça 
na ausência vento leva-me o pensamento no desenho 
são mais do que uma são todas sol de enxugar suor
caminhas devagar em jeito de amar alguém flores no teu corpo
abrem-se em cores dançam os dedos  em pele fina
os fedelhos giram polinizam chilros passa leve
o corpo melodia em prazer festim de aves leveza 
gemido euforia magreza poesia escrita de sabor a pétalas queima de calor 
trazes flores odores que o vento traria  houvesse
o azul do manto vestes de ave e trapos cor perfume
roupa de corar em sol de amar devagar no tempo dos silêncios 
os fedelhos baloiçam no chão fervente pele dormente
choro vadio passa de joelhos lustres fadiga passa rente
ventania sem ventar penas que dançam no ar
canto na voz que não via culpa o sol quem diria



eugeniohenrique 13/03/2017

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

traço_destraçado | 025

e-m-a-r-i-o | rosaamarela

transparência espelho água dormência crepúsculo aparência o sol em cansaço amigo o tempo embaraço de ser noite adormece o canto em manto de ver dorme amigo em cesto de liberdade escrita desfraldada em punhos de rosa branca amarela prosa de todas as cores foram sentidas as dores de ser traço de olhares em corrente de nada ermo refúgio sentinela as bestas estão de bela amigo caravela de sonhos roteiro desassossego heróis do mar por cumprir favo de gente em liça reboliço pensamento partes repartindo a pedra em fascículos de poesia amigo todas as flores todas as cores adormecem no teu sono vencido não levantado do chão adamastor em trovão eriçado agitas o infortúnio da ausência golpeias os poetas com o sopro da liberdade triste de mim aprendiz pequeno crepúsculo o sol adormeceu as palavras ditas não rosas amarelas na mão aroma do ser calçada dos dias sem medo agita-se a mão num traço de cor reboliço descascado do pintor transparência em tela cheia riso pétalas de amarelo e cores mais despique de pássaros é no silêncio da tua guerra que acordo não há gente na água dormente acordaste amigo porventura sempre tanta e tanta gente a água corre no canto que te embala seiva sem bala olhas em sorriso o vento que vem de ti galopas na liberdade rosas amarelas amigo vencido não levantado do chão



eugeniohenrique 30/01/2017

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

8_0 | 12

sopro

Levantado caminho entre os espaços passos em água fria temo que um dia esgotado e por magia dê passos sentado corre em mim tormenta o amor o vento toca em levantar desassossego olhar no vento o timbre dança na espuma dos passos pétalas soltas no aroma regaço apertado amasso Levantado o dia traço em calor de sinfonia o dia que faço maneira sendo vento que toca frio de pele desenhada tempo maçada e danço palavras que te encosto lento sopro de nada quase nada Levantado em ave que acasala o olhar gente em pressa de bala amar de repente em fúria quente estalo embalo no vento que toca em dedilhar pena ave Levantado em sono pés de leve silêncios na escrita dos olhares cocuruto vibrato em corda hirta lampejo pingo de água doce desenho que corre no toque do vento  vejo pétalas e o tempo acorda Levantado portilho de âncoras amarras o teu colo ao meu sopro o suor dos passos que em mim correm na tormenta calor  menta caminho nos espaços braços remos barca baloiço oiço a voz do cocuruto febril Levantado um dia esgotado o vento toca respiro a pele em fogo gemido dormente escrevo o rasto o sopro o sussurro o vento venta quente.

eugeniohenrique 27/11/2016