terça-feira, 26 de julho de 2016

traço_destraçado | 021

chãodearroz

quantas flores dores pingam  no teu corpo destroçado deus distraído
flores de aroma férreo enxofrado de guerreiro herói tolo 
pedras soltas jarram flores de raiva nuvens explosão de pétalas murchas
dinheiro bagageiro de palavras que a terra brota seca e morta flores
manta de flores chão de frio cantor em afonia mão trémula em batuta 
bala astuta desalinha o choro em pingos de ser deus distrai-se na silhueta 
quantas flores jorram grito de abelha lançada no vento corpo flecha 
certeira pontaria faz noite sem grilo assustado no covil mãos de amarra
a besta ergue em falo corcovado amanhã não choras não serás nem gente
amoras silvestres poeiradas no coice do turbilhão escuridão
não serás nem bicho nem flor não saberás de ti
deus desenha nas pedras o que te resta nada nem o pó da besta
esventraste a noite com estilhaços de flores caídas negros os sacos
pingam ardor trincheira de minhocas aladas pedaços de deus
pirâmides de sonhos no trajeto fissura chão de arroz fronteira
pode o poder fazer noite em dia seco a luz encolhe e o choro abafa
poder de nada ser medo que a bola gire e não pare espaço de braços
amassos traços a voz embrutece aperto na gola tanta gente tola amanhã talvez


eugeniohenrique 23/07/2016