domingo, 10 de julho de 2016

r-a-m-o | 012

dentroquartodentro

entro sem bater deveria o quarto existe na solidão 
tateio na parede ora fria ora de outra cor equilibro o andar
devagar para não acordar a ausência estou só estou 
dentro embora perto da porta que se esguelha luz fio
toco na linha do olhar mão seca caminho lento de vento
que se encosta ao quarto timbales desafinados desassossegam
o silêncio da solidão entro no vazio da escrita que sussurra 
o pássaro bica o lado de lá história de contar que contei 
o chão caminha nos meus pés de pele sulcos de poetas
que não conheço arrepio em desejo e não adormeço 
desenho com a luz da porta que se esguelha rosto de não ser
silva de amoras encosto o olhar em suor quarto pedaço 
estilhaço em sono rangir de pedra seca fenda de parir
texto de silêncio galho de linhas ditas dentro quarto dentro
sussurro no ventre da luz que espreita alguém clama amor
no chão do quarto lento o andamento salpicam vozes pensamento
trapos de amor pulam em pele fina de luz esguia que espreita
entro sem bater 

eugeniohenrique 10/07/2016