segunda-feira, 9 de novembro de 2015

r-a-m-o | 009

a_ voz_ em_ dormir_ na_ fumaça


se olho a sombra e toco  se toco na luz que se atravessa de mim
em noites frágeis manta em desassossego 
e toco a luz fio fino na linha do rosto desperto em sono lento
letras de outono fogueira salpicos de calor e fumaça 
movimenta-se quieta a minha sombra 
toco em mim sem cor sem sabor ou tremor
toco na forma que se desforma quando toco
está frio e chove confundo-me nela chuva que chove
a noite anoitece cada letra pedaço a pedaço 
sons de luz
esplendor imenso no fio fino fininho 
o outono adormece a voz 
corpo pele de noz aguarela a sós 
confundo-me em mim
nas  frases que compus 
dedilho na sombra que se inquieta
a noite foge catrapus
ratos em soalho roto espreitam
a sombra que se desdobra em páginas
nada 
ruídos enfeitam a dança 
golpeiam a noite fria e 
salta em pulos de pé descalço
a voz em dormir na fumaça

outono 
eugeniohenrique 9/11/2015