a_ voz_ em_ dormir_ na_ fumaça
se olho a sombra e toco se toco na luz que se atravessa de mim
em noites frágeis manta em desassossego
e toco a luz fio fino na linha do rosto desperto em sono lento
letras de outono fogueira salpicos de calor e fumaça
movimenta-se quieta a minha sombra
toco em mim sem cor sem sabor ou tremor
toco na forma que se desforma quando toco
está frio e chove confundo-me nela chuva que chove
a noite anoitece cada letra pedaço a pedaço
sons de luz
esplendor imenso no fio fino fininho
o outono adormece a voz
corpo pele de noz aguarela a sós
confundo-me em mim
nas frases que compus
dedilho na sombra que se inquieta
a noite foge catrapus
ratos em soalho roto espreitam
a sombra que se desdobra em páginas
nada
ruídos enfeitam a dança
golpeiam a noite fria e
salta em pulos de pé descalço
a voz em dormir na fumaça
outono
eugeniohenrique 9/11/2015