quinta-feira, 14 de maio de 2015

traço_destraçado | 013

tive um desejo ver neve

hoje falei contigo tens sete anos | estiveste comigo pouquinho o tempo | disseste mais tu do que eu | regalado do teu estar | sorriso sorriso palavras inteiras | olhar de procura e de criança só | calei ouvindo falaste dos teus amigos | que o acaso vadio abraçaste | lamentas o teu espaço de ausência | que te acentua a luz da janela | o som dos passarinhos com quem falas | Só |
desassossegas de afeto mal dividido | lês o saber que cuida de ti | amargo de criança flor | não serpenteias no choro de nada | guerreiro em firme de seres para lá de ti | sem perda do brilho colorido | dos castanhos olhos que não queres | escuros muito escuros dizes | os meus são claros iguais aos do meu irmão | que nasceu sem me pedir autorização | cuido de mim no espaço de animais | gosto muito de animais gostava de ser | dono de um canil haja abril | conto sou craque a matemática | organizo em padrão quer que lhe explique | os amimais que a minha avó | colou em fita no quarto do desassossego | silêncio falo muito com eles e com os passarinhos | falo muito comigo | em sorte de ser criança esta | sorri não gosto de estudar com o lápis | sempre a escrever endoidece | estuda com o sentir chilreia os dias | o tempo o marejar das folhas | desperta no silêncio da sombra | olha gosto de ti e do não emprestado pai | gosto e quero brincar inventar histórias | aprendi a fazer as contas
simplesmente eu próprio | falo com os bonecos | você pensa que estou paranóico | como poderia como me olharia | brinco comigo sozinho | e eu | adoeço no desejo e anoiteço assim | sabe tenho miolo de papa | as doenças chegam a mim como se eu fosse um íman | criança de sorriso só | aprendo-te no brilho de ti | escrevo para que não me fujas | sempre tive um desejo ver neve


eugeniohenrique 12/05/2015 | 013

silence_in_my_silence