terça-feira, 31 de março de 2015

traço_destraçado | 010

estafado de politiqueiros | marcha de gaiteiros | trompetas  de metaleiros | alforges sobranceiros | 
estafado de politiqueiros | inspetores porreiros | colegas carpinteiros | nada nos tinteiros | escrita para carteiros |
estafado de berreiros | no escuro os cordeiros | chilreiam morteiros | olhares matreiros | 
estafado de escuteiros | doentes inteiros | sangram nos canteiros | povos inteiros | 
estafado de politiqueiros | sombras de sobreiros | tamancos de calceteiros | desenhos e engenheiros |
estafado de politiqueiros | quantos dinheiros | de traços inteiros | golpes certeiros | campos de aguaceiros |
penetras arruaceiros | fantoches trapaceiros | terço de terceiros | 
estafados marinheiros | gente nos banheiros | política de besteiros | ferrugem nos braseiros |
estafado de politiqueiros | santos domingueiros | remendos nos traseiros | gritos certeiros | pedrar aventureiros | 
sorte dos foleiros | musica de negreiros |
estafado de politiqueiros | chove aos chuveiros | palavras de treteiros | berros de berreiros | sinos de santeiros |
luz de candeeiros | ruas de solteiros | pegas de pistoleiros | flores sem cheiros | sabores nos tabuleiros | jogo de cauteleiros |
sorte nos matreiros |
estafado de politiqueiros | poetas nos ficheiros | engodo de parceiros | prol de caceteiros | letra de letreiros | 
estafados moleiros | roda de pedreiros | pão nos viveiros | pedaços inteiros | rezas dos mineiros |
estafado de politiqueiros | pés de sapateiros | dedos de olheiros | tesos nos mealheiros | golpes ligeiros | nada nos estaleiros |
navalha de barbeiros | cortes certeiros | palavras dos carteiros | estendal travesseiros | sono moliceiros | água nos saleiros |
formigas nos carreiros | portas dos porteiros | vícios costumeiros | 
estafado poeteiro |
estafados companheiros | sem elo sem ponteiros | chapéu do politiqueiros |

escrevo nos banheiros


eugeniohenrique 25/03/2015 | 010

8_0 | 002

Contínuo |

não estar ausência longe o teu olhar caminho difícil de chegar 
o cinza de luz assustada manta para ti tapada visão de nada
marulhar de palavras não ditas dedos de escrita outro amar
silêncio que ata viagem de ti turbilhão na espessura da pele
desejar tocar no tempo (o fedelho de cão ladra no desassossego
gesto de embalar lixo de rua sorrir por limpar poeta de ensacar)
esperar regresso no vento sorriso lamento rua que invento assim
saltitar de espaços passos até aí arrepio de nuvem que lacrimeja
distância onda por vir pétala por sentir e faz frio de vento agora 
O céu que olho não te vê passaste por aí e voaste em linha de fumo
Acenaste e não toquei a tua mão de nuvens e maciez  foram minhas talvez
O dia vai e não cresce para o sol que quase adormece tu longe
Tanto de tanto ser tanto pouco ter sou do sol serei louco
Serei gesto no vazio que deixaste hoje é dia de não ser
Vem


eugeniohenrique 28/03/2015 | 002