quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

traço_destraçado | 020

bordardescalço

mercado de mercados pecados | celtas visigodos engomados | travo de sabor esmagado | povo triste riscado | perpétuo movimento em fado | jardim de jardins pisado | tocam sopros desafinados | gestos em desenhos esbodegados | gente sem pessoa | celtas visigodos | quanto vale um sorriso | quanto tem de improviso | saber que a gente vive | postigos de sopa também tive | olha o menino olha e come a papa | mercados de napa | o prato vazio rapa | flores em não sendo credos em mim podendo | vertigem de estetas open space | brilho da goma em números indizíveis | sufoco em colo destroçado sendo | choro impotente gemendo | arauto em plinto berra sem saber o que sinto | goteja saliva que tritura | olha o menino olha sem frescura | em dor de ser  ternura | pedaços em coisa maquinal | celtas visigodos está tudo mal | trapos em tecer o que ler | brandura sem forças | não conta na contagem o | menino que teimosamente | dorme meu menino dorme | presépios de gente | sonata de frio e ausência | tocam os sinos saltam em charcos meninos | negrume em pele rota | risos de poliglota | diz a tua mãe que a senhora tem meninos | dos outros | são sem rota | brancura de engomadeira | o mercado vigia | mãe | não choro a dor do frio | cubro a pele de coisa qualquer | enxoval de sonhos bordadeira | poeta em vazio | gemido de gente pessoa triste | o mercado existe | pudera | eu também

eugeniohenrique 30/12/2015

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

traço_destraçado | 019

I_mun_dice

em guarda com esta coisa de gente
esta coisa de mundo imundo menino
é seco o choro da imundice
choramos em coro a nuvem de ninguém 
desenho na vertente vertigem mundo imundo
esta coisa com pão de linhas férreas
pontiagudos salpicos profundos
gente riscada pelo vento
acrescento no lamento esta vida de gente
fragmento
toque reboque ensaio porém
fado enfado de alguém  
saco de espuma palavras uma a uma
gaveta de sonhos em buracos 
coisa em gente de trapos gotas nacos
solo seco solo seco putos em sacos
armada na bruma que pinga em pele 
nua fria a tua pele sempre disse

Puto levanta-te da imundice
eugeniohenrique 23/12/2015

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

8_0 | 008

sabor | manhã

Espelho para repouso de linhas de sol
Barcos pequenos amarram-se em pedaços força que a terra pariu mae
Não sei que passarada desenha no ar linhas de sossego 
O silêncio em água luz de ouro afasta-se cabelo sedoso 
Desenhado em delicadeza sobre o olhar que se alonga à direita
Do outro lado fumegam trapos de nevoeiro barba de pai natal
No silêncio leio as palavras deste rio caracóis de ouro dedos frágeis
Na tua margem trepo o olhar na linha de luz que te agarra ao solo
Pardais vadios desamarram barcos os pequenos 
Sonhos que em água doce trazem o aroma do dia assim 
Traço no silêncio garatujas de gente que trago 
Cantaria pudesse com os vadios palavras no espaço em nada
Asa ventada sinfonia em dança na luz 
Na margem afagos vagos impacientes saltitam bicam
Ternuras no silêncio da ausência olho para lá
Timbre em cor de olhar em toque sem tocar
Quantos abraços quantos amassos barcos pequenos 
pedaços de ver na margem para lá quietude amar
Silhueta em trapos de nuvem silhueta em pele de rio ouro
Navego no doce da tua margem mergulho na ar em perda
Desenlaço desejos de travessia tocar em pele macia
Novelos em linha frágil escrita nua salpicos de sabor manhã
Fico só mãos dadas uma em outra minhas
Sossego em desassossego este rio em ouro
Fico só de cá 


 eugeniohenrique 22/12/2015