sábado, 30 de maio de 2015

8_0 | 004

voa voa toda

se um dia cair no vento | pedaços por vir no momento | traz o vento | sopra de lá 
rolos de pássaros folhas de liberdade | em vir | desejo céu por olhar o chão e pedir
asa de espuma | e se um dia o vento me trair golpe de pele e de ser esvair | sopra de lá
ventre de ais ruir sonhos vendavais | pedaços de toque invento no vento | rosto 
secura de trapo pessoa | escrita no rosto mãos que bulem sonatas
em ser maior |  silêncio da batuta desenha no vento vozes do pensamento |
voa | voa toda | na pele que te tenho no sabor da água em sede | traz-me o vento
o desalento da voz longe | desassossego em salto bem alto grito que o vento leva
a ti em dor | se um dia cair no vento | espera | por favor


eugeniohenrique 30/maio/2015 | 004

quinta-feira, 14 de maio de 2015

traço_destraçado | 013

tive um desejo ver neve

hoje falei contigo tens sete anos | estiveste comigo pouquinho o tempo | disseste mais tu do que eu | regalado do teu estar | sorriso sorriso palavras inteiras | olhar de procura e de criança só | calei ouvindo falaste dos teus amigos | que o acaso vadio abraçaste | lamentas o teu espaço de ausência | que te acentua a luz da janela | o som dos passarinhos com quem falas | Só |
desassossegas de afeto mal dividido | lês o saber que cuida de ti | amargo de criança flor | não serpenteias no choro de nada | guerreiro em firme de seres para lá de ti | sem perda do brilho colorido | dos castanhos olhos que não queres | escuros muito escuros dizes | os meus são claros iguais aos do meu irmão | que nasceu sem me pedir autorização | cuido de mim no espaço de animais | gosto muito de animais gostava de ser | dono de um canil haja abril | conto sou craque a matemática | organizo em padrão quer que lhe explique | os amimais que a minha avó | colou em fita no quarto do desassossego | silêncio falo muito com eles e com os passarinhos | falo muito comigo | em sorte de ser criança esta | sorri não gosto de estudar com o lápis | sempre a escrever endoidece | estuda com o sentir chilreia os dias | o tempo o marejar das folhas | desperta no silêncio da sombra | olha gosto de ti e do não emprestado pai | gosto e quero brincar inventar histórias | aprendi a fazer as contas
simplesmente eu próprio | falo com os bonecos | você pensa que estou paranóico | como poderia como me olharia | brinco comigo sozinho | e eu | adoeço no desejo e anoiteço assim | sabe tenho miolo de papa | as doenças chegam a mim como se eu fosse um íman | criança de sorriso só | aprendo-te no brilho de ti | escrevo para que não me fujas | sempre tive um desejo ver neve


eugeniohenrique 12/05/2015 | 013

silence_in_my_silence












terça-feira, 5 de maio de 2015

8_0 | 003

corpos de música timbres de pele | azuis de nada letras que toco | em nudez  | 
o aroma da luz | batuto no vento sopro sabor | inventor invento o som do suor | 
água de sede azuis de verde | dedilho aventura no espaço | 
espessura no limite do silêncio | maestro em ser vestígio ver |
decalque do corpo em vibrato | não saber palavra dizer | 
rostos cegueira rubor  | tanto de tudo sinfonia  | dedos ais sais magia |  
tenor em serenata inteira | respiro intenso galope | soltam-se ventos de água | 
luz em noite sem mágoa | plateia de ausência pele | trompetas em piano olhar | 
os corpos da música coro | dueto vertigem manto de afago | croché dos sentires | 
fulgor em chão quieto sensatez |
jardins de azuis e verdes e castanhos | corpos de música e pele


eugeniohenrique 2/5/2015 | 003