quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

traço_destraçado | 020

bordardescalço

mercado de mercados pecados | celtas visigodos engomados | travo de sabor esmagado | povo triste riscado | perpétuo movimento em fado | jardim de jardins pisado | tocam sopros desafinados | gestos em desenhos esbodegados | gente sem pessoa | celtas visigodos | quanto vale um sorriso | quanto tem de improviso | saber que a gente vive | postigos de sopa também tive | olha o menino olha e come a papa | mercados de napa | o prato vazio rapa | flores em não sendo credos em mim podendo | vertigem de estetas open space | brilho da goma em números indizíveis | sufoco em colo destroçado sendo | choro impotente gemendo | arauto em plinto berra sem saber o que sinto | goteja saliva que tritura | olha o menino olha sem frescura | em dor de ser  ternura | pedaços em coisa maquinal | celtas visigodos está tudo mal | trapos em tecer o que ler | brandura sem forças | não conta na contagem o | menino que teimosamente | dorme meu menino dorme | presépios de gente | sonata de frio e ausência | tocam os sinos saltam em charcos meninos | negrume em pele rota | risos de poliglota | diz a tua mãe que a senhora tem meninos | dos outros | são sem rota | brancura de engomadeira | o mercado vigia | mãe | não choro a dor do frio | cubro a pele de coisa qualquer | enxoval de sonhos bordadeira | poeta em vazio | gemido de gente pessoa triste | o mercado existe | pudera | eu também

eugeniohenrique 30/12/2015

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

traço_destraçado | 019

I_mun_dice

em guarda com esta coisa de gente
esta coisa de mundo imundo menino
é seco o choro da imundice
choramos em coro a nuvem de ninguém 
desenho na vertente vertigem mundo imundo
esta coisa com pão de linhas férreas
pontiagudos salpicos profundos
gente riscada pelo vento
acrescento no lamento esta vida de gente
fragmento
toque reboque ensaio porém
fado enfado de alguém  
saco de espuma palavras uma a uma
gaveta de sonhos em buracos 
coisa em gente de trapos gotas nacos
solo seco solo seco putos em sacos
armada na bruma que pinga em pele 
nua fria a tua pele sempre disse

Puto levanta-te da imundice
eugeniohenrique 23/12/2015

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

8_0 | 008

sabor | manhã

Espelho para repouso de linhas de sol
Barcos pequenos amarram-se em pedaços força que a terra pariu mae
Não sei que passarada desenha no ar linhas de sossego 
O silêncio em água luz de ouro afasta-se cabelo sedoso 
Desenhado em delicadeza sobre o olhar que se alonga à direita
Do outro lado fumegam trapos de nevoeiro barba de pai natal
No silêncio leio as palavras deste rio caracóis de ouro dedos frágeis
Na tua margem trepo o olhar na linha de luz que te agarra ao solo
Pardais vadios desamarram barcos os pequenos 
Sonhos que em água doce trazem o aroma do dia assim 
Traço no silêncio garatujas de gente que trago 
Cantaria pudesse com os vadios palavras no espaço em nada
Asa ventada sinfonia em dança na luz 
Na margem afagos vagos impacientes saltitam bicam
Ternuras no silêncio da ausência olho para lá
Timbre em cor de olhar em toque sem tocar
Quantos abraços quantos amassos barcos pequenos 
pedaços de ver na margem para lá quietude amar
Silhueta em trapos de nuvem silhueta em pele de rio ouro
Navego no doce da tua margem mergulho na ar em perda
Desenlaço desejos de travessia tocar em pele macia
Novelos em linha frágil escrita nua salpicos de sabor manhã
Fico só mãos dadas uma em outra minhas
Sossego em desassossego este rio em ouro
Fico só de cá 


 eugeniohenrique 22/12/2015

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

8_0 | 007

sorrir_em_sono

o dia em dormindo 
travo de água ardente
tangente ao dia acontece
sendo em sono 
aconchego de azuis
pétalas sorrindo
espuma de letras 
arde fugindo
pele quente
habita em mente 
a noite dormindo
naipe de sons 
chilros de uis e de ais
abrem-se flores amores
cantores 
gotejos de suor caindo
rio imenso 
poema fonema 
mãos que remam palavras
desenham sabor calor
intenso
canto em cansaço doce
canto em pedaço fosse
canto cantando amor 
sulco de voz tremor
o dia  em dormindo
sorri 
fecha os olhos e diz
sou eu quem for 
amor

eugeniohenrique 13/11/2015

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

r-a-m-o | 009

a_ voz_ em_ dormir_ na_ fumaça


se olho a sombra e toco  se toco na luz que se atravessa de mim
em noites frágeis manta em desassossego 
e toco a luz fio fino na linha do rosto desperto em sono lento
letras de outono fogueira salpicos de calor e fumaça 
movimenta-se quieta a minha sombra 
toco em mim sem cor sem sabor ou tremor
toco na forma que se desforma quando toco
está frio e chove confundo-me nela chuva que chove
a noite anoitece cada letra pedaço a pedaço 
sons de luz
esplendor imenso no fio fino fininho 
o outono adormece a voz 
corpo pele de noz aguarela a sós 
confundo-me em mim
nas  frases que compus 
dedilho na sombra que se inquieta
a noite foge catrapus
ratos em soalho roto espreitam
a sombra que se desdobra em páginas
nada 
ruídos enfeitam a dança 
golpeiam a noite fria e 
salta em pulos de pé descalço
a voz em dormir na fumaça

outono 
eugeniohenrique 9/11/2015 

terça-feira, 27 de outubro de 2015

traço_destraçado | 018

fugadechorar_vento

venta devagar o vento
pontos de asa negra no ar
traçam linhas sem traçar
o vento venta na pele
sons de nada em fuga
caem letras das palavras
a cor do embaraço abraço
em folhas de vento devagar
página de pontos contos
nadar no vento de ser
rosto de aprender
venta devagar
trapos de árvore acasalam
silêncios de chão frio
arrepio de vento rio
pingos que saltitam
no ar do vento que venta
vidraça em choro
lágrimas de chuva
as letras caem nos dedos
que desenham sons de pele nua
dança na água
dança no vento frio
noite em pleno dia
vento sem magia afonia
cansaço de ser vento 
venta devagar o vento
eugeniohenrique 10/10/2015 | 018

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

construção | 001

eugeniohenrique 7/10/2015 | 001

desenho em texto | para construção
Convido os meus leitores, amigos e todos, a construir este desenho em texto., utilizando o espaço comentário para o efeito

Se fosse stor ator pintor Qualquer coisa assim se eu fosse Poeta escritor sabedor
Se em mim houvesse rancor Se em mim houvesse stor Se em mim houvesse
Qualquer coisa de calor Qualquer coisa no meu tambor Além da dor 
Se eu fosse stor o dia  tempo argumento pensamento Saltador sem guia Magia stor 
Qualquer coisa seria  Qualquer coisa saberia De poeta escritor flor
Se em mim há coisa qualquer Se ha em mim mulher Qualquer coisa em ser
Espaço de sabor arder Se em mim puder Acocorar o teu olhar
Uvas stor uvas para pisar Se fosse cantar  Coisa qualquer de amar 
...
Se não houvesse amor stor,
O sol não brilharia e a chuva cairia do meu rosto
...

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

traço_destraçado | 017

a bola dançará na música

embarcar sorrisos de dor | cantor | de silêncios choro por chorar 
rosto 
poetas nos escombros | balas de todas as cores | cacos tambores
gemidos em cestos de gente | bracejam a liberdade
sono em colo de cansaço
pedras que riscam estilhaço
carris de  dores | molhes de gente putos
brilho de luz fosca baça raça
Terra 
Fuga 
carcaça de sol ausente
Mãos
em vidraça de poetas | bafo em desenho de grito | pedir chão
retalho em pedaços de ser
Agonia
sufoco no espaço
a terra gira e não tomba
no meu desenho sim
gira e tomba
a bola dançará na música 
silêncio


eugeniohenrique 5/10/2015 | 017

sábado, 5 de setembro de 2015

traço_destraçado | 016

o barquinho ligeiro andava

os abutres esvoaçam dias fantasma | raça de asa longa abutre em tempo |
não há tempo  lamento choro brasa | água rasa chuva de lama e não ama |
animal besta em gente entranha  | desassossego traços de bala vala |
gente molhes de gente pó | pedra mole e os abutres esvoaçam |
tinta de podre asa longa pincel sem cor | força mula bordel |
deus enlouqueceu adormeceu | caminha não foge em choro de inocência |
braços de ais sem gota que pingue | disfarce de ser | pingos de leite em seios de secura
amantes que amaram  pele rota e dura | caracóis de arame por pentear |
trepar nos ossos plinto | o barquinho ligeiro andava | as pombinhas da catrina primeiro |
vespeiro nas fraldas que te aquecem | urina de medo | pétala roxa em caule seco gemido |
na escrita gesto que rasga | páginas de pele mãe sempre a mãe | dorme dorme meu menino |
não há tempo razão nada | não ha vento sopro magia | deus que cuide da sua cria | 
era uma vez | o barquinho ligeiro andava


eugeniohenrique 5/09/2015

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

domingo, 23 de agosto de 2015

8_0 | 006



sombra em noite falsa sonho tonto janela de negrume breu | traços de espaço ausência voz mesquinha cegueira minha |
inúteis fúteis as vozes do sonho caixa de timbre agreste | restos de estar sossego inquieto noite papel de escrita |
traços inventados traços de margem em descer rio de lá  | sons de quente dança tecido pele sussurro lento rio |
suor em febril  espasmo margem de lá traço de água doce | aromas de nudez em grito surdo sonho tonto traço de lua |
luz de fogo papel  página desenhos meus na margem de lá  | sopro de ar veloz desejo as vozes do silêncio que trago |
sombra em noite falsa valsa amor em pele de rio na margem de lá | sonho tonto até já na outra 

eugeniohenrique  23/08/2015

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

r-a-m-o | 008

Vir corre e vem | quero-te em casa bem volta | dançarei no azul do rio na luz do olhar que te tenho | vem volta para o sossego de estar aqui | tão todo | saudade | aperto as mãos de frio | rolo-me no tempo-será ausência e dói | vem volta todo | desenho no vento que me toca falando baixinho | vir | não me atropelem o colo que quero dar | não me estilhacem nos porquês | vir vem no meu pescoço | pele minha e tua | enrosco-me no limite da imagem voo em leveza | sei que vens vem| juntos somos rio fio que segura o jeito meu e teu | linha que ata e mata morrendo lento nos pingos de não  te ter | ferida imensa | vem vir e volta todo em mim | quero-te assim

eugeniohenrique 08/08/2015

sábado, 1 de agosto de 2015

r-a-m-o | 007


salto no ar procuro o tempo e vou | regressarei aqui agora | ganapo embaraçado nos caracóis de ouro | nos trapos de poetisa | cosedura apressada | tarefas sempre tarefas | dia a seguir dia | lindo de morrer | enfeite sem saber que o domingo havia ter | azuis de luz e de quase todos | dela totalmente | vaidade na mão que agarra forte | não cai em sorte | sempre em cara linda | trote de fuga | silêncio | e volta | teatrices frases ditas | palco de todos os lindos | os filhos são lindos | trabalho de mulher ventre | ziguezague bainhas de histórias | desenhos de submissão | nunca falta nada a gente pobre | límpinhos sempre muito límpinhos | brilho servil exemplo | quintais de  sombra | sulcos de água fresca | heróis que tombam no funil pátria | terços aos montes | tontos | bestas de caracóis de ouro | mulheres de nada na eira | trigo batido desejo contido | o ganapo sentado no trapo negro | colo de beatas lindas | virtuosas no zelo de pele | pecados não | nunca o brilho de amar | silêncios nos dias | homem besta não ama | cai no sono do teatro o menino de ouro | pedaço de ser em papel de ler | tem carta tem carta | desassossego de gente que espera | escrita em palavras de longe | ora ora senhora aurora | cenário de todas as cenas do calvário | desenho lá atrás | sem urgência | o carteiro de cartas | selos de afetos | netos| tente-se rua estreita | vidraça de olho esperto | jogo de trapos em bola | ameixas em árvore trepada | trilho de viagem férrea | tudo em sopa de estar | lá longe | salto para agora voltarei 


eugeniohenrique 15/07/2015 | 007

traço_destraçado | 015

o chão da linha

acordar em lençóis de trapos esmagados no tempo trapaceiros não invento curtos os pés que te sustentam e cais nos lençóis lama onde flutuas devagarinho o tempo morre por ti são curtos os pés que tocas em descoberta e pele fria de violeta trapos de cor pão apenas pão tambor em orquestra desafinada desatino em dança não dançada invento uma poltrona de noticias escrita aos molhes em molhos sábios chuva em lentes de cegueira cantadeira de letras que correm na lama da tua cama em lençóis de flores murchas aromas de nada sonho de pés curtos trapaceiros verdadeiros da mentira faustos de glosas e prosas trapos engomados domados em pingos de água rosa lençol curto que me afaga a pele que dói não sei dizer dela tenho-a no meu colo em timbre de tambor ralho-me por ter pé curto finjo-me fingidor alargo-me no olhar que acorda sem respirar besta de ser no esgoto do crer trapo em sol maior não aquece nem arrefece flutua no rio lama de letras chão de pé curto não não sou pedaço para não ter dança de mim luz de arder saco de ser corre o tempo para acordar nos trapos num lençol de amar deito comigo a cor dos teus olhos a cor das tuas cores eu sem cor nas mãos de fedor riscadas de entranhar palavras que aperto sonhos que não liberto tu és cor eu sem ela desenho o pé curto no chão dos meus trapos está frio

eugeniohenrique 01/08/2015 | 015

quarta-feira, 22 de julho de 2015

traço_destraçado | 014

a luz do dia que vai indo dificulta olhar ainda bem olhos de saudade imensa e tu vais sem amparo mundo besta bilhete de ida e fico aqui vazio salto de coração força de voz muda silêncios de nós desconforto a sos e tu vais sem mim mala de trapos teus historias nas páginas de branco e tinta de luz do dia partiste olhos de água em fumo besta de dor amor quanto de ti tenho no bilhete do silêncio que me agita desenho olhares de perda palavras de cerda toque de nuvem ocre aroma arrolhado em corpo ausente saudade muita saudade linha frágil sem cor voz muda amor meu amor.
eugeniohenrique  22/07/2015 | 014

quinta-feira, 18 de junho de 2015

8_0 | 005

quase noite

pingos de ar fresco no rosto em sono | cinza de céu medroso |
sinos de gaivotas agitam o olhar | há aqui uma que não se cala |
porventura toma-me na espécie | voar não voando as vezes lá vou |
soprou em mim imagens dizentes | inquieto abraço de ar | 
regaço de mentes roxas | poeta de fraldas trouxas | carpir o vento em linhas voadas |
fresco frio | palavras suadas palavras inventadas | nuvens de lá longe | 
quanto de mim traço no pedaço de luz | insensato devaneio | pingo de ar | de mim


eugeniohenrique 18/junho/2015 | 005

sábado, 30 de maio de 2015

8_0 | 004

voa voa toda

se um dia cair no vento | pedaços por vir no momento | traz o vento | sopra de lá 
rolos de pássaros folhas de liberdade | em vir | desejo céu por olhar o chão e pedir
asa de espuma | e se um dia o vento me trair golpe de pele e de ser esvair | sopra de lá
ventre de ais ruir sonhos vendavais | pedaços de toque invento no vento | rosto 
secura de trapo pessoa | escrita no rosto mãos que bulem sonatas
em ser maior |  silêncio da batuta desenha no vento vozes do pensamento |
voa | voa toda | na pele que te tenho no sabor da água em sede | traz-me o vento
o desalento da voz longe | desassossego em salto bem alto grito que o vento leva
a ti em dor | se um dia cair no vento | espera | por favor


eugeniohenrique 30/maio/2015 | 004

quinta-feira, 14 de maio de 2015

traço_destraçado | 013

tive um desejo ver neve

hoje falei contigo tens sete anos | estiveste comigo pouquinho o tempo | disseste mais tu do que eu | regalado do teu estar | sorriso sorriso palavras inteiras | olhar de procura e de criança só | calei ouvindo falaste dos teus amigos | que o acaso vadio abraçaste | lamentas o teu espaço de ausência | que te acentua a luz da janela | o som dos passarinhos com quem falas | Só |
desassossegas de afeto mal dividido | lês o saber que cuida de ti | amargo de criança flor | não serpenteias no choro de nada | guerreiro em firme de seres para lá de ti | sem perda do brilho colorido | dos castanhos olhos que não queres | escuros muito escuros dizes | os meus são claros iguais aos do meu irmão | que nasceu sem me pedir autorização | cuido de mim no espaço de animais | gosto muito de animais gostava de ser | dono de um canil haja abril | conto sou craque a matemática | organizo em padrão quer que lhe explique | os amimais que a minha avó | colou em fita no quarto do desassossego | silêncio falo muito com eles e com os passarinhos | falo muito comigo | em sorte de ser criança esta | sorri não gosto de estudar com o lápis | sempre a escrever endoidece | estuda com o sentir chilreia os dias | o tempo o marejar das folhas | desperta no silêncio da sombra | olha gosto de ti e do não emprestado pai | gosto e quero brincar inventar histórias | aprendi a fazer as contas
simplesmente eu próprio | falo com os bonecos | você pensa que estou paranóico | como poderia como me olharia | brinco comigo sozinho | e eu | adoeço no desejo e anoiteço assim | sabe tenho miolo de papa | as doenças chegam a mim como se eu fosse um íman | criança de sorriso só | aprendo-te no brilho de ti | escrevo para que não me fujas | sempre tive um desejo ver neve


eugeniohenrique 12/05/2015 | 013

silence_in_my_silence












terça-feira, 5 de maio de 2015

8_0 | 003

corpos de música timbres de pele | azuis de nada letras que toco | em nudez  | 
o aroma da luz | batuto no vento sopro sabor | inventor invento o som do suor | 
água de sede azuis de verde | dedilho aventura no espaço | 
espessura no limite do silêncio | maestro em ser vestígio ver |
decalque do corpo em vibrato | não saber palavra dizer | 
rostos cegueira rubor  | tanto de tudo sinfonia  | dedos ais sais magia |  
tenor em serenata inteira | respiro intenso galope | soltam-se ventos de água | 
luz em noite sem mágoa | plateia de ausência pele | trompetas em piano olhar | 
os corpos da música coro | dueto vertigem manto de afago | croché dos sentires | 
fulgor em chão quieto sensatez |
jardins de azuis e verdes e castanhos | corpos de música e pele


eugeniohenrique 2/5/2015 | 003

terça-feira, 21 de abril de 2015

r-a-m-o | 006

fadiga do remar

em águas lisas e lentas passeio o olhar | traço de aves aos molhos que esvoaçam figuras mutantes | galhos de verde nos limites | embalo o pensamento no esforço de respiro | não apresso no tempo | salpico a pele | pontos de cristal | pingos de chilros à solta | festim de vizinhos adornam o silêncio | garatujas no estendal de água | crianças de ave | serpente de amor ali e além | corpos de surdez afogam o sabor | e remo | cansaço desfraldado de odores | amores | em águas lisas e lentas passeio o olhar | remo no remar em fadiga
eugeniohenrique  21/04/2015 | 006

sexta-feira, 17 de abril de 2015

r-a-m-o | 005

não são poemas

não são poemas nem teoremas | são pigmentos que organizo em desenho de risco | 
são lugares de vazio extenso | pomares de seiva | lavradio de ser | 
hesito no desenho das palavras que desenho | visto cada uma de ausências | 
exausto em não saber o que desenhar rasuro no rasgar letras no espaço de só | 
não são poemas de poetas nem teoremas de estetas |
nasço em palavras que desenho

eugeniohenrique 16/04/2015 |. 005

terça-feira, 14 de abril de 2015

traço_destraçado | 012

assim é

O inventor em guerra não adormece nem apodrece inventa a guerra que o aquece inquieta os dormentes ausentes | tem na perturbação na inquietude a invenção de si age em desarmonia | pensa o inventor em arritmia dias de noites em sono acordado inventa o espaço mal apagado desenho malfadado | inacabado | inventa o inventor a dor que alimenta o sol que se vai na tormenta rio de água | rodopio | frio do olhar desassossego pestanejar gesto de ser no arrepio do sonhar  não adormece sereno não acontece assim no inventor do ar | respiro | sopro de reboliço círculos de pássaros ruídos de chão palavra e colo em dor no inventor que maltrapilho em rasuras de si inventa desconcertante sinfonia | melodia cambaleante | silêncio | inventa na guerra do inventor a surdez na noite de sono não | tudo o inventor inventa assim é.


eugeniohenrique 23/03/2015 | 012

sábado, 11 de abril de 2015

traço_destraçado | 011

mas…

No regaço flores de branco aroma de terra humedecida em pingos de água frágil flores de canteiro desarrumado cabelo despenteado mãos de jardineiro inventado flores regaço de flores mulher seda de pétalas brancas salpicos de olhar sorriso amado flores brancas fios linhas de fragilidade tanta desalinho de ser em branco as flores no regaço seios de embaraço em ser cansaço mulher poeta do tempo que não tem aroma de ninguém terra de ventre dorido flores brancas regaço gemido amor perdido no sabor embrulhado pétalas brancas do jardineiro inventado pele em desenho cantado flores no regaço branco de nada raiz da terra amanhada seda de escrita embaraçada todas as flores brancas serão brancas as pétalas no regaço


eugeniohenrique  10/04/2015 | 011

quarta-feira, 8 de abril de 2015

terça-feira, 31 de março de 2015

traço_destraçado | 010

estafado de politiqueiros | marcha de gaiteiros | trompetas  de metaleiros | alforges sobranceiros | 
estafado de politiqueiros | inspetores porreiros | colegas carpinteiros | nada nos tinteiros | escrita para carteiros |
estafado de berreiros | no escuro os cordeiros | chilreiam morteiros | olhares matreiros | 
estafado de escuteiros | doentes inteiros | sangram nos canteiros | povos inteiros | 
estafado de politiqueiros | sombras de sobreiros | tamancos de calceteiros | desenhos e engenheiros |
estafado de politiqueiros | quantos dinheiros | de traços inteiros | golpes certeiros | campos de aguaceiros |
penetras arruaceiros | fantoches trapaceiros | terço de terceiros | 
estafados marinheiros | gente nos banheiros | política de besteiros | ferrugem nos braseiros |
estafado de politiqueiros | santos domingueiros | remendos nos traseiros | gritos certeiros | pedrar aventureiros | 
sorte dos foleiros | musica de negreiros |
estafado de politiqueiros | chove aos chuveiros | palavras de treteiros | berros de berreiros | sinos de santeiros |
luz de candeeiros | ruas de solteiros | pegas de pistoleiros | flores sem cheiros | sabores nos tabuleiros | jogo de cauteleiros |
sorte nos matreiros |
estafado de politiqueiros | poetas nos ficheiros | engodo de parceiros | prol de caceteiros | letra de letreiros | 
estafados moleiros | roda de pedreiros | pão nos viveiros | pedaços inteiros | rezas dos mineiros |
estafado de politiqueiros | pés de sapateiros | dedos de olheiros | tesos nos mealheiros | golpes ligeiros | nada nos estaleiros |
navalha de barbeiros | cortes certeiros | palavras dos carteiros | estendal travesseiros | sono moliceiros | água nos saleiros |
formigas nos carreiros | portas dos porteiros | vícios costumeiros | 
estafado poeteiro |
estafados companheiros | sem elo sem ponteiros | chapéu do politiqueiros |

escrevo nos banheiros


eugeniohenrique 25/03/2015 | 010

8_0 | 002

Contínuo |

não estar ausência longe o teu olhar caminho difícil de chegar 
o cinza de luz assustada manta para ti tapada visão de nada
marulhar de palavras não ditas dedos de escrita outro amar
silêncio que ata viagem de ti turbilhão na espessura da pele
desejar tocar no tempo (o fedelho de cão ladra no desassossego
gesto de embalar lixo de rua sorrir por limpar poeta de ensacar)
esperar regresso no vento sorriso lamento rua que invento assim
saltitar de espaços passos até aí arrepio de nuvem que lacrimeja
distância onda por vir pétala por sentir e faz frio de vento agora 
O céu que olho não te vê passaste por aí e voaste em linha de fumo
Acenaste e não toquei a tua mão de nuvens e maciez  foram minhas talvez
O dia vai e não cresce para o sol que quase adormece tu longe
Tanto de tanto ser tanto pouco ter sou do sol serei louco
Serei gesto no vazio que deixaste hoje é dia de não ser
Vem


eugeniohenrique 28/03/2015 | 002

quinta-feira, 26 de março de 2015

r-a-m-o | 004

lente escura lento olhar
rasura no amar lento e dura 
afastamento secura imaginar
pintura por acabar
lente escura soprar no olhar
arfar lento gostar  tocar
ar ausente sabor que perdura
sente macia pele de amor 
água de calor luz de estalar
lente escura

--------

olhar de verde brilho
nos recantos que me ensopam
chuva pinguenta
palavra de mãe que inventa
escrever por escrever escrita
trilho  pedaços tantos 
ementa de fazer ser
verde olhar ter catita
gotejo só dela 
escrevo letras dele nela
porventura ausente 
sente mais quente

brilho olhar de verde
eugeniohenrique 25/03/2015 | 004

terça-feira, 24 de março de 2015

R-A-M-O | 003

NAS VIDRAÇAS DO MEU OLHAR PARA LÁ
E PARA CÁ DESENHO LINHAS DE IMPACIÊNCIA
ALGUMA RESISTÊNCIA TODAVIA MORAR NO ESPAÇO
FAÇAS O QUE FAÇAS NAS VIDRAÇAS  SONHAR
eugeniohenrique 23/03/2015 | 003

segunda-feira, 23 de março de 2015

R-A-M-O | 002

prescrevo para mim uma tontaria

em tudo continuo com esta maleita que se nutre de mim do meu processo de ser |
o tempo não basta ainda para não a ter | tontaria |
percorri pedaços desta hipertermia | esbocei segmentos de cura | tontaria |
paraliso teimosamente ante o inverso em remelados olhares |
pingo na pele que envelhecendo | linhas chatas sulcos de aborrecimento |
tontaria | é papel de escrita que deixo desenhado e por insistência | será demência |
será evidência | paciência | 
caos de mim | arrumo frémito de ser | tonto
eugéniohenrique 21/03/2015 | 002

sábado, 14 de março de 2015

traço_destraçado | 009

a viagem que vai

009| 1

Não sei o espaço que ocupas agora
Não sei onde te situas
Em que página escreverás
Tudo o que desconfio que sei é não saber nada
Tão perto de ti agora e nada não me vês não me ouves
Não me sentes
Estou no silêncio contigo mas só isso
Vai 
Cuida de ti 
Fico a olhar na memória 
Fico sem ti 
Vai sereno vai


009 | 2
no silêncio das árvores de flores que pintam a paisagem
dou colo ao sentimento de te ter tido e de ter sido galho
pirralho no teu saber mineiro no teu olhar  o silêncio afunda
em água de choro luz trémula no teu rosto do meu pedaço
gritaste a tua dor no tempo de antes no tempo de agora 
livre a tua pele do pico que te perfurou em ser 
sopro o vento que passa no amar de toda a gente
sente 


eugeniohenrique 15/03/2015 | 009  

quarta-feira, 11 de março de 2015

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

8_0 | 001

Aí chegados o tempo pára e
num suave traçado de água
O olhar inunda a distância
O toque amacia todas as dores 
Todas as cores 
Sinto o aperto do tempo
O desejo do momento
Beijo na ganância flores
na pele desenho amor chegados ai
Uma história um assento 
meigo ternura 
Aroma de ti manta de calor
Horas de fuga e sabor
Pouquinho só pouquinho
Quanto de mim tanto 
Desassossego no perto no aperto
Aí chegados
Encosto no olhar que me afunda
No espaço pele suave toque de veludo
Arfar de tanto estar mudo
Tempo  inquieto amar
no silêncio  desejo
Quero tanto queres quanto
De mim assim eu tudo
Sol na nuvem ocre 
linhas de água no colo
amar e chorar de ouro 
Esperar tempo de brilho
Olhar pedaço de ser
Macio de pele aroma violeta de urze 
De cores de ti
Aí chegados

Por tudo vivo
eugeniohenrique 26/02/2015 |  001

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

traço_destraçado | 008

busco a surdez da escrita que desenho | ser leitor(es) sem voz | tragam-me letras aos textos de nada que desenho | s i l e n c i o | olhar numa cegueira lustre | escultor de sentires e haveres | na surdez de ti escrevo | autor de letras juntas | desenha(dor) e penso que sim 
eugeniohenrique 10/02/2015 | 008

f-l-o-r | 03

tenho flores de cores vermelho azul branco de mais cores um espanto | tomo-as no olhar | no canto do cantar das cores

no olhar | quando | me olhas | tenho-te no meu colo | aqueço a tua pele na minha | sou mais no teu olhar que no meu | sou mais no teu toque | no teu beicinho que colo | pele de nuvem e sol | e | flor de girassol e de todas as flores | de todas as cores | no olhar quando me olhas | luzes nos sorrisos | que tenho de ti | Flor | aroma de todas na pele macia | flores de primavera flores | magia de cor de sabor magia por amor 



eugéniohenrique 10/02/2015 | 003

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

traço_destraçado | 007

por favor | olhar que (vê) na paisagem desenho(s) de palavras soltas que atiram matando o olhar do silêncio música palavras que respiram acre de raiva gente sombra luz fusca de noite breu chapéu que encolhe o olhar besta ruído de nada palavra que erra paisagem muro desaforo puro gente no olhar silêncio desenho no vazio o grito à paisagem arvore abano frágil de não ser quente a luz do olhar matando o céu silêncio longe atores lobos bobos desenho abutre feroz das palavras soltas riscam traços de nada e podem poder não ser erro frenesim chuva de noites nos beirais paisagem cidade de gente nada soltam olhares cães aquecem o pêlo musica do silêncio palavra e podem poder não ser erro mães desenho todo besta cria que não devia poder não ser luz olhar cego de sentir toque por vir a chuva das noites mãe cão puro gente de lata paisagem farta ruído de espera tempo de lobos bobos quem me dera árvore no imenso abano vazio em volta vazio em nada vazio nada cego de mim árvore só assim árvore sem nada



eugeniohenrique 28/01/2015 | 007