sábado, 19 de outubro de 2013

palavras sem paladar

há palavras que me enganam no canto das palavras |  sopram-me palavras de nada | agitam em palavras que não sou | a luz e o som dessas palavras enganam no canto do sopro meu | há palavras que não tenho | procuro-as no som do nada | palavras de poetas, palavras de profetas, palavras de ninguém, palavras que traço de água leva ao canto de alguém | há palavras de luz | há palavras que me enganam no engano de mim | escrevo palavras sem poema sem teorema sem algema | são palavras do desenho do canto onde estou | amo o ser no vazio das palavras | quase nada | quase tudo | o vazio das palavras que engano | há palavras de dormir de acordar de viver e de o deixar | há palavras no silêncio que me enganam | há palavras nuas no canto da nudez que deus fez | há palavras de silêncio que agitam o meu grito surdo | escrevo no rio de palavras que não digo | são bestas são palavras que finjo | duras imaturas sem traço sem laço | há palavras que pinto na cor do som da luz | a cor das palavras é no canto desassossego e finjo | não há  no traço da água que vejo a palavra engano | Há palavras que me enganam no canto do que sou | não não sou sem palavras tenho-as dentro do canto o canto das palavras | o lugar sem paladar.