segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

dança comigo

Depois de ver este vídeo, retive-o para mim e estilhaço-o para cada um dos que me levam aos pedaços. Apetece deixar-me nas gostas de água que me acompanham na vidraça. Dança comigo dança.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

espaço de água, lá

O meu espaço é menos espaço. A minha linha é curva e volta e volta no espaço. A minha cor, que trago no regaço de mim, é turva e fica assim. Penso no desenho que te quero desenhar e não sei como traçar neste espaço, pouco, a linha que acontece no que penso. O meu espaço é sempre espaço de água, é sempre espaço de mágoa a linha do desenho que penso, e é curva e é nada. só um pouquinho

domingo, 29 de março de 2009

sem poema

Perder é sempre qualquer coisa que nos torna frágeis, a mim acontece isso. Preparamo-nos desde muito novinhos para ir perdendo, perdendo coisas, perdendo amigos, perdendo a ingenuidade, perdendo a elegância, perdendo... perdendo... Por momentos essa perda, sai de cena, por rotina no não pensar nela. Há outras coisas que nos vão ocupando e por isso, não vale a pena estar perdendo o tempo a pensar na perda no tempo. Lembro-me de coisas e pessoas que não quis perder. Lembro-me de ter perdido a linha de muitos amigos. Lembro-me de ter perdido espaço e ter deixado ficar sem preencher algum desse espaço que perdi. Prencher! curiosa palavra esta, que me ocorreu, nesta escrita. Preencher o quê? como?, com que sentido se preenche o espaço que nos configura? Deixarei para outro momento de escrita esta reflexão. Mas prometo que não a vou perder de vista. Ou talvez sim, como em muitas outras ocasiões. Tornamo-nos perfeitos na perda perdendo. Será assim? Ouvi uma voz de uma menina de treze anos, dizer-me, meigamente: "professor, não se preocupe é preciso seguir em frente". Como me senti frágil nesse momento. Afinal haverá uma possibilidade de seguir em frente mesmo perdendo. Afinal nem tudo será mau quando perdemos. Acontece que não sou de ferro e quando te perco, mãe, também me perco um pouco. Não há nada de estranho nisto. Há, porventura, o estranho caso de não te ver mais. Estranho? Foste-me preparando para te perder e na verdade perdi-te. Não é nova esta minha sensação de perda. Por várias vezes me preparei para perder e por todas elas morri. Perco-me no espaço que configuro para mim. Desenho-me na linha curva do meu ser. Doeu muito, muito, quando te perdi. Deixo a voz do silêncio, cuidar dessa dor. É, de resto, o silêncio que me afaga e me traz, por cá, na perda de ti. Cuida de mim. Cuida para que eu possa cuidar.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

caco

Às vezes um caco! Às vezes uma caquice insuportável, um sufoco de mim. O desenho circula na linha que o mantém. A linha, gira e gira, no espaço de água que me inunda de luz. A imaginação! Imagino que me levo aí, à margem, ao contorno e ao pouquinho de sabor, de aroma, de calor e de, tudo o mais, que o desenho contém. Falta o rio no desenho da linha que gira e gira. Às vezes, na caquice de mim, sem linha, sem desenho, traço-te e fico assim.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Desassossego

Apetece-me estar a ver pela janela, do meu atelier, o movimento, da água do rio que me desperta o desejo de continuar até à foz. Às vezes, o rio diz-me que as margens o sufocam e limitam o seu movimento. Às vezes sinto-o agitado e desconfigurado por uma eventual intranquilidade. Não a entendo, não a observo, mas aceito-o assim, perdido no seu próprio desenho. O meu olhar está no rio que corre, para a foz. No desassossego encontro-te no caminho do meu olhar. És o meu rio. És o espaço, o movimento, a luz, o alimento, porventura o momento do desalento que me agita e sopra mas margens do meu do lado de lá de ti. Eu, como tu, tb quero ir até à foz. Eu, como tu, tb me sinto num sufoco de raiva pelo aperto das minhas margens. Eu, como tu, também rodopio em torno de mim para desembecilhar esse aperto. Somos cúmplices e nesta possibilidade encontro o meu espaço.