sábado, 1 de agosto de 2015

r-a-m-o | 007


salto no ar procuro o tempo e vou | regressarei aqui agora | ganapo embaraçado nos caracóis de ouro | nos trapos de poetisa | cosedura apressada | tarefas sempre tarefas | dia a seguir dia | lindo de morrer | enfeite sem saber que o domingo havia ter | azuis de luz e de quase todos | dela totalmente | vaidade na mão que agarra forte | não cai em sorte | sempre em cara linda | trote de fuga | silêncio | e volta | teatrices frases ditas | palco de todos os lindos | os filhos são lindos | trabalho de mulher ventre | ziguezague bainhas de histórias | desenhos de submissão | nunca falta nada a gente pobre | límpinhos sempre muito límpinhos | brilho servil exemplo | quintais de  sombra | sulcos de água fresca | heróis que tombam no funil pátria | terços aos montes | tontos | bestas de caracóis de ouro | mulheres de nada na eira | trigo batido desejo contido | o ganapo sentado no trapo negro | colo de beatas lindas | virtuosas no zelo de pele | pecados não | nunca o brilho de amar | silêncios nos dias | homem besta não ama | cai no sono do teatro o menino de ouro | pedaço de ser em papel de ler | tem carta tem carta | desassossego de gente que espera | escrita em palavras de longe | ora ora senhora aurora | cenário de todas as cenas do calvário | desenho lá atrás | sem urgência | o carteiro de cartas | selos de afetos | netos| tente-se rua estreita | vidraça de olho esperto | jogo de trapos em bola | ameixas em árvore trepada | trilho de viagem férrea | tudo em sopa de estar | lá longe | salto para agora voltarei 


eugeniohenrique 15/07/2015 | 007

traço_destraçado | 015

o chão da linha

acordar em lençóis de trapos esmagados no tempo trapaceiros não invento curtos os pés que te sustentam e cais nos lençóis lama onde flutuas devagarinho o tempo morre por ti são curtos os pés que tocas em descoberta e pele fria de violeta trapos de cor pão apenas pão tambor em orquestra desafinada desatino em dança não dançada invento uma poltrona de noticias escrita aos molhes em molhos sábios chuva em lentes de cegueira cantadeira de letras que correm na lama da tua cama em lençóis de flores murchas aromas de nada sonho de pés curtos trapaceiros verdadeiros da mentira faustos de glosas e prosas trapos engomados domados em pingos de água rosa lençol curto que me afaga a pele que dói não sei dizer dela tenho-a no meu colo em timbre de tambor ralho-me por ter pé curto finjo-me fingidor alargo-me no olhar que acorda sem respirar besta de ser no esgoto do crer trapo em sol maior não aquece nem arrefece flutua no rio lama de letras chão de pé curto não não sou pedaço para não ter dança de mim luz de arder saco de ser corre o tempo para acordar nos trapos num lençol de amar deito comigo a cor dos teus olhos a cor das tuas cores eu sem cor nas mãos de fedor riscadas de entranhar palavras que aperto sonhos que não liberto tu és cor eu sem ela desenho o pé curto no chão dos meus trapos está frio

eugeniohenrique 01/08/2015 | 015